Reflexões sobre o papel da visualidade nos materiais didáticos para ensino de matemática no cenário surdo

Abstract

Os materiais didáticos são, geralmente, ferramentas que podem auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. Mas desde a sua escolha até o seu uso, as intencionalidades educativas precisam estar presentes como diretrizes que permitem esses objetos serem utilizados de forma ampla e eficaz. E isso também irá depender do contexto de ensino, como, por exemplo, na Educação de Surdos, os materiais devem possuir características diferentes daqueles usados na Educação de Deficientes Visuais e Cegos. Esse cenário torna-se mais complexo ao se tratar de disciplinas como Matemática, que possui linguagem própria, ou seja, seus símbolos e suas representações precisam ser aprendidas no contexto de uso (DIONYSIO, FURTADO, 2019) para que os estudantes construam signifcados e se aprorpiem . Diante do cenário exposto, o presente estudo vem refletir sobre a visualidade (CAMPELLO, 2008) nos materiais didáticos construídos por alunos da disciplina de Metodologia do Ensino de Matemática do curso de Pedagogia presencial do Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos. Para isso, utilizou-se a análise documental (GIL, 2002) nas imagens desses materiais como forma de identificar elementos, que permitam, a análise semiótica que descreve parâmetros de análise baseados nas carecteristicas das imagens, classificando-as como linguaguem e dessa forma suscetível a leituras e interpretações. Assim, percebeu-se que a maioria dos materiais produzidos traziam as imagens como elemento central e com função didática definida, ou seja, a visualidade estava presente de forma aplicada (LEBEDEFF, 2017). Outro aspecto, são as cores e formas que apresentam-se de maneira harmônica com o tema do material e de modo a permitir construções semióticas que relacionam, integram e conectam informações. A ludicidade (ALVES, 2001) presente traz leveza e aumenta a interatividade dos materiais. Esse é importante fator, pois os estudantes precisam fazer a transição da fase concreta para a fase abstrata, de acordo com suas velocidades e características de aprendizagem. Muitas vezes, as imagem servem como base para contagem e essa materialização é necessária para dar segurança aos alunos que ainda se encontram na fase concreta. Em síntese, as imagens estão presentes como elementos comunicacionais que permitem leituras e construção de significados por meio de relações, comparações e correlações em prol da aprendizagem de conceitos matemáticos. Por fim, as imagens foram trazidas no material didático de forma intencional, para servir como ferramenta medial no processo de ensino e aprendizagem e assim cumprir com funções didáticas e deixar de ser somente ilustrações.